domingo, 7 de novembro de 2010

Sala de Aula X Conhecer


Parte 1

Aproveitando o comentário do “nerdworkingbr” do post anterior “Onde Filosofar” quero fazer uma reflexão junto a vocês sobre o que realmente se aprende na sala de aula.

Sou professora e percebo que muitas vezes, a maior parte das vezes os alunos estão interessados apenas em “ganhar nota” e os professores em se livrarem dos alunos dando-lhes as notas que tanto querem...

Uma lastimável verificação. Mas é esta a realidade da grande maioria, não posso dizer que não tenho colegas que estão realmente interessados em ensinar e se comunicar com os alunos, mas a verdade é que a estrutura do ensino no Brasil já está “desandado” há muito tempo e as tentativas de melhorá-lo são de uma minoria que está exausta de tentar em vão!

Este é um assunto amplo que para entendermos melhor devemos olhar para trás e ver a história da educação no nosso país. 

Hoje a educação é o ponto essencial para o crescimento de qualquer nação. Através da educação os indivíduos se tornam cidadãos prontos para interagir em sua sociedade. E essa interação faz com que esta sociedade torne-se cada vez mais complexa e exija cada vez mais indivíduos providos de conhecimento para interagir nela. 

Porém um indivíduo que detém conhecimento é um individuo que pensa, logo será um indivíduo menos influenciável. Até que ponto a liderança de uma sociedade quer indivíduos pouco influenciáveis...

O Brasil já avançou muito em seu sistema educacional, mas ainda está longe bem longe de ser o ideal. E são muitos os fatores que deixam distante  este objetivo.

Os indicies mostram  que o analfabetismo tem diminuído e que isto é um grande avanço para a educação brasileira. Mas não vejo efetividade nessas estatísticas. Junto com o letramento deveria ser ensinado  “saber pensar” pois, o saber escrever e ler só é relevante se temos algo para colocar para fora! 

É ai que o professor deve ser mais que um técnico que transmite conhecimentos. Ele deve ser um facilitador da criação do conhecimento. Mas como? 

O professor deve seduzir o aluno ao mundo das idéias, levá-lo para outra dimensão, ser o cicerone neste novo mundo onde tudo é possível se for pensado, criado, construído, mesmo que por hora, apenas no mundo das idéias.  Até que um dia possa ser transportado para a realidade concreta. 

Esse assunto dá muito pano pra manga...  Aguardo as intervenções de vocês! Me ajudem a construir este pensamento!!!

Continua...

3 comentários:

  1. Existe um livro muito interessante sobre um físico chamado Richard Feynman. O último capítulo do livro "O sr está brincando sr Feynman?" fala sobre a visita que o físico fez aqui no Brasil na década de 80 ou 70, não sei bem. Ele visitou universidades e fez críticas ao sistema de ensino do Brasil. As críticas dele refletem bem o que eu falei no outro post (eu sou o "nerdworking" rs) sobre o que aprendemos no colégio ser algo direcionado a notas e não ao aprender a pensar. Feynman acompanhou estudantes...e fez algumas observações. Por exemplo, ao aprendermos alguma equação física, conseguimos aplicá-la a um determinado problema em uma prova. mas Feynman descobriu que quando ele pedia aos alunos que aplicassem a forma em contextos mais reais...os alunos simplesmente não conseguiam porque estavam simplesmente decorando em que tipo de problema seria usada tal fórmula. Eles não entendiam realmente a essência, ou seja, o que significava tal fórmula. Iso mostra o quanto que, aqui no Brasil, as escolas ensinam de forma a fazer os alunos simplesmente aplicarem cegamente fórumulas matemáticas a problemas específicos. Mas não é ensinado a eles a aplicação daqueles conceitos no mundo real, na reflexão sobre o universo e etc.

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  2. Também sou (ou estou) professor, mas em cursos de formação profissional (eletrônica e eletrotécnica). Neles, procuro incutir nos alunos que a verdadeira avaliação deles não será dada pela nota alcançada nas provas, mas pelo mercado de trabalho. É lá que o resultado do seu aprendizado será reconhecido (ou não). Tenho obtido bons resultados com isso.

    É importante contextualizar o ensino, qualquer que seja o seu nível. Se você ensina ao aluno a resolver uma equação matemática sem dizer a ele onde aquilo pode ser aplicado, exemplificando com coisas que fazem parte do seu dia-a-dia, dificilmente ele se motivará a fixar aquele conhecimento.

    Peguem um livro de física ou de matemática da década de 50 ou 60 e comparem com um livro atual. As diferenças são gritantes. Nos antigos, para cada dez ou vinte páginas de teoria existem uma duas de exercícios. Nos atuais é o inverso. Um pequeno resumo da teoria e um calhamaço de exercícios. Desta forma, o aluno não aprende os conceitos e o fundamentos, que podem ser aplicados a qualquer problema, mas apenas decora como resolver, mecanicamente, àqueles exercícios. Se mudar um pouquinho que seja, ele já não sabe mais resolver.

    Assim, o pensamento dedutivo e o raciocínio não sao estimulados. Uma recente pesquisa da ONU colocou o Brasil em último lugar no aprendizado de matemática. E eu sinto isso na carne, ao receber alunos oriundos do ensino médio que não sabem sequer a tabuada e/ou executar operações simples, mesmo com a calculadora.

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  3. O fato é que se tem um mundo tão automatizado como o atual se perde importante rol de habilidades essenciais no que se refere à conceituação e entendimento de teorias e principalmente quanto à formulação de um pensamento racional, científico e filosofante. O que se tem é um pragmatismo vicioso, uma noção torta de que 'aprendemos na prática' imposta pela razão instrumental que automatiza as mentes e estruturas educacionais e o próprio espaço e mesmo o conteúdo das disciplinas, tornando os alunos meras esponjas que absorvem mal uns poucos conceitos e são esfregados em uma instrumentalização absurda do saber que não só não prepara para nada na vida social e profissional como não forma cientistas, muito menos filósofos, ora, não forma nem seres humanos.

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