sábado, 18 de dezembro de 2010

A relação entre as mulheres e a filosofia

Onde estão as mulheres na filosofia?

Tenho pouquíssimo tempo como acadêmica na área de filosofia, mas gosto e leio sobre o assunto há muito tempo e constato que existem muitos filósofos “homens”, onde estavam as mulheres???

Esta é uma questão muito mais de um ponto de vista histórico que filosófico. Para entendermos onde esteve o pensamento das mulheres, precisamos entender por onde elas andaram enquanto os homens “pensavam”. 

Ah!!! Antes que perguntem por que resolvi falar sobre este tema a resposta é:
De 14 comentários ao todo que tenho no meu blog, 13 são de homens e apenas 1 de uma mulher!

Um pouco de história, bem resumida, só para nos situarmos para a discussão:

Na Antiguidade

Na Grécia Antiga as mulheres não eram consideradas cidadãs, pois não eram considerados indivíduos que possuíssem estatuto político. O modo de vida das mulheres variava muito  em função do meio social em que estavam inseridas.

As mulheres de famílias mais abastadas habitavam no gineceu, onde eram acompanhadas pelas escravas, cujo o trabalho vigiavam. Estas só saiam de casa para assistir às grandes festas religiosas.

Já as mulheres que pertenciam a uma classe social mais baixa poderiam se sentir privilegiadas, já que gozavam de alguma liberdade, na medida em que as famílias mais pobres não podiam suportar o regime de honra. Assim sendo, as mulheres tinham que trabalhar, muitas tinham profissões como: enfermeiras, parteiras, lavadeiras, tecelãs e pequenas comerciantes…

O casamento era uma forma de aliança entre as famílias, com o objectivo de preservar as mesmas, em que a mulher era considerada um bem de troca. 

O casamento fazia com que a mulher passasse da tutela do pai para a do marido.

As mulheres Gregas deveriam cuidar do lar, bem como da educação dos filhos, devendo fidelidade ao seu marido.



 
Diga-se de passagem: isso não mudou por muitooooooooooooooo tempo!!!


As meninas Gregas não recebiam qualquer educação formal, ou seja, não frequentavam a escola. Estas aprendiam os ofícios domésticos e os trabalhos manuais com as mães. 

Havia uma exceção: As mulheres Espartanas 

Em Esparta era proporcionado às mulheres uma maior autonomia. Isso acontecia devido a uma orientação política diferente. Uma localidade voltada para a criação de exércitos. As crianças e mulheres eram preparadas com treinos militares para colaborar em caso de conflitos ocorridos na cidade.

As mulheres espartanas podiam participar nas atividades políticas e detinham maior liberdade para participar nas atividades da vida  cotidiana da pólis.

Mas como dito anteriormente era uma exceção e Esparta era uma pequena ILHA! 

Em Roma:

Os romanos distinguiam dois tipos de mulher :

As mulheres de “comportamentos honrosos”, as romanas livres, mães de família ou destinadas a sê-lo. 

Depois existiam as restantes , que desempenhavam diferentes papéis na sociedade, como as Gladiadoras, as Sacerdotisas, as Prostitutas, entre outras. 

Na sociedade Romana as mulheres tinham um estatuto de maior dignidade do que na Grécia. Quando casada a mulher tinha como deveres: tomar conta dos escravos, fazer as refeições para o marido (manus), bem como tratar da educação dos seus filhos. (sem comentários!)

As mulheres que habitavam no Império Romano tinham alguns direitos, como o acesso ao teatro e aos tribunais.

O casamento – justum matrimonium – promulgado pela lei e pela religião, era nos tempos mais antigos uma cerimónia solene, e resultava da transferência da mulher do controlo do pai.

As meninas  como os rapazes romanos quando completavam 7 anos frequentavam o litterator, uma espécie de professor primário. Em seguida, aqueles que tinham mais posses transitavam para o ensino secundário, já que este era muito caro. As mulheres não frequentavam o ensino superior porque este tinha como função preparar os homens para exercerem os altos cargos políticos e administrativos, embora tenha havido em Roma, mulheres muito cultas.

Continua...




2 comentários:

  1. Penso que por ser filha de uma mulher a frente do seu tempo;tive a minha mentalidade formada de maneira diferente da maioria das mulheres da minha idade.A minha mãe fez tres faculdades e sempre foi muito independente,a ultima que cursou foi a de medicina ha mais de trinta anos atrás,e sempre foi independente. Mas,não pensem que mudou muito do histórico mais remoto da humanidade até os nossos dias,especialmente em uma sociedade machista como a brasileira.Ainda me deparo com mulheres que querem apenas casar e cuidar dos filhos!!! Na história da arte,também são raras as mulheres a serem citadas,justamente por isto,por serem as mulheres seres criados para serem submissos ao homem,e ha duas décadas atrás ainda tive que escutar da minha sogra que as mulheres nasceram para servir aos homens.Absurdo!!! mulher tem é que ser independente e dona do seu nariz,senão esta defasada no tempo e no espaço.
    Daisy France Gonçalves barauna

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  2. "Aonde estavam as mulheres quando os homens pensavam?" , esta é a pergunta. Respondo: dando-lhes condições para tal. Devo dizer que não compartilho com ideias extremas, sejam elas machistas ou feministas. Penso, e tenho a mulher, como um ser de uma extrema sensibilidade, inteligência e competência e, não encaro muito bem essa ideia de que somos as melhores, ou de que somos mais competentes ou mais inteligentes. Apenas o somos. E nada mais. Ou melhor, nem mais, nem menos. Colocar as coisas em patamares extremos só atesta a incapacidade de percepção de se ver como um todo, as mulheres e os homens, ambos criaturas competentes e possíveis.
    "Ainda me deparo com mulheres que querem apenas casar e ter filhos", querem uma atitude mais machista do que esta?? Sugiro que assistam ao filme "O sorriso de Mona Lisa". Não há nada de errado em uma mulher que escolhe seu caminho, seja ele qual for. A independência e autonomia de pensamento e atitudes de uma mulher só demonstram claramente a sua superioridade em relação aos pré-conceitos (preconceitos) existentes. Me dói ver um 'semelhante' julgar, ou menosprezar as escolhas alheias. Isto só atesta sua incapacidade de compreensão.
    Ver, entender e aceitar o todo em sua diversidade, não só suas partes. Isto é entendimneto e cresccimeto intelectual e humano.
    Obrigada pelo espaço.
    Evelise
    p.s.: À propósito, 'apenas ter filhos'....não é nem digno de comentários, tal a infelicidade do comentário!!!

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